Por: Germano Rigotto¹
A importância das redes sociais aumenta a cada eleição. É verdade que os programas de rádio e televisão, que rodam nas mídias tradicionais, ainda continuam conduzindo a opinião do eleitor médio, pelo menos em sua maioria. O Brasil, diferente de outros países, tem uma audiência concentrada nesses meios. Basta ver que as novelas, por exemplo, ainda carregam milhões de telespectadores. A pulverização de fontes de informação é algo que ainda não aconteceu por aqui. No entanto, mesmo diante dessa circunstância, está evidente que o universo digital também começou a pautar as campanhas e as decisões dos eleitores.
Isso é positivo, especialmente porque a lógica das redes sociais não é de um receptor meramente passivo. Ele não fica apenas na posição silenciosa de quem só ouve ou só vê. No ambiente da internet, ele também fala – opina, escreve, curte, compartilha, deleta, denuncia, bloqueia. Essa interação imediata tem um grande papel transformador na forma pela qual a política é encarada, inclusive pelos próprios partidos. Se o nosso sistema, ultrapassado e contraditório, acaba afastando os eleitores dos eleitos, as redes vieram para mitigar esse problema. As personalidades públicas ficam, nessa plataforma, sempre e completamente expostas. E o feedback é imediato: o eleitor responde na hora, seja positiva ou negativamente.
Essa realidade fez com que as campanhas precisassem prever estratégias específicas para as redes. E só funcionam bem as estratégias dialogais, isto é, que vão além da mera postagem. A falta de resposta ou o silêncio digital são sintomas de quem ainda não percebeu essa mudança. Isso envolve todo um redesenho da maneira de pensar a política e o relacionamento com o eleitor. Estimula a participação, aproxima as informações, expõe de maneira mais clara e direta quem deseja exercer a representação popular. E já está provado que, quanto mais pessoal e humana é essa comunicação, melhor efeito ela causa. As pessoas rejeitam falar com robôs e suas respostas prontas.
Há um outro lado nessa história. E, infelizmente, é um lado menos virtuoso. As redes muitas vezes estão sendo usadas para a disseminação de ódio, de intolerância política, de mentiras, de preconceitos e de agressões desmedidas. É impressionante o que estamos vendo nas últimas semanas. É uma chuva de especulações, supostos fatos e pretensas denúncias, de lado a lado. Sem qualquer suporte, sem trânsito em julgado, sem responsabilidade com o que está sendo dito. Uma lástima. Ocorre uma banalização das opiniões, um excesso de produção de conteúdo destrutivo, uma despreocupação até mesmo com a postura. Isso sem falar nas figuras ocultas, os chamados fakes, que se valem do anonimato para denegrir a imagem alheia.
Parece-me que será inevitável uma regulamentação da utilização dessas ferramentas na eleição. Não para inibir o que ela tem de virtuoso, mas para proibir que se pratiquem ilícitos, tendo em vista sua facilidade de acesso. O uso exagerado e equivocado desses meios acaba também gerando a diminuição da sua influência. Muitas pessoas estão rejeitando essa forma de fazer campanha pela internet, o que é compreensível – ninguém aguenta tanto ataque e boataria. Além disso, grande parte dos internautas já possui, previamente, uma posição. A política precisa navegar nas redes sociais dentro da lógica desse próprio ambiente, que prevê conversa, troca, dosagem equilibrada, relacionamento, equiparação de importância entre os atores. Quem não perceber isso, ficará falando sozinho. Muitos partidos e partidários correm o risco de estar trilhando esse caminho.
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