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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Mário Quintana : Espelho Mágico


       Todos buscamos em algum momento por magia, por uma solução que exceda  o possível para nos possibilitar o inalcançável. Há simples questões jamais respondidas. Nos conhecemos tão pouco que só vemos nossa imagem distorcida por espelhos... e se um espelho refletisse magicamente a alma e fosse altamente honesto, direto... graciosamente encantador?
Quintana, em ligeiras quadras nos apresenta reflexos de nosso íntimo em seu Espelho Mágico, minha obra favorita do escritor gaúcho. Então, queridos leitores aí está, para a diversão e reflexão!



Dos Milagres


O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloquência ao mundo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!
[a fé é o verdadeiro milagre]



Das Ilusões



Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!
[mais que perder ilusões: trocá-las por novas, abandonando as desgastadas]


Quintana no local onde hoje funciona a Casa de Cultura Mario Quintana

Da Eterna Procura


Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada...
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada.
[as lutas ensinam mais que as vitórias]



Do sabor das coisas

Por mais raro que seja, ou mais antigo,
Só um vinho é deveras excelente:
Aquele que tu bebes calmamente
Com o teu mais velho e silencioso amigo...
[a boa companhia é o que mais influência o sabor]




Do exercício da filosofia


Como o burrico mourejando à nora,
A mente humana sempre as mesmas voltas dá...
Tolice alguma nos ocorrerá
Que não a tenha dita um sábio grego outrora...
[Aristóteles, Platão, Pitágoras, Sócrates... já usaram toda cota de inteligência superior disponível para o nosso planeta]



Da amizade entre mulheres


Dizem-se amigas... Beijam-se... Mas qual!
Haverá quem nisso creia?
Salvo se uma das duas, por sinal,
for muito velha, ou muito feia...




Da Realidade

O sumo bem só no ideal perdura...
Ah! Quanta vez a vida nos revela
Que "a saudade da amada criatura"
É bem melhor do que a presença dela...


Mario sendo Quintana


Da discrição


Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo de teu amigo
Possui amigos também...
[Na dúvida conta pra Deus! Disse pra Deus não para o padre (pastor, etc)]



Da Preguiça



Suave preguiça, que do mau-querer
E de tolices mil ao abrigo nos pões...
Por causa tua, quantas más ações
Deixei de cometer!
[Sim! Vontade de mostrar a verdade ao mundo... pronto. Passou!]



Da moderação


Cuidado! Muito cuidado...
Mesmo no bom caminho urge medida e jeito.
Pois ninguém se parece tanto a um celerado
Como um santo perfeito...



De como perdoar aos inimigos


Perdoas... És cristão...Bem o compreendo...
E é mais cômodo, em suma.
Não desculpes, porém, coisa nenhuma,
Que eles bem sabem o que estão fazendo...
[pedoar é divino, mas mandar a pessoa catar coquinhos é sensacional!]



Da condição humana



Se variam na casca, idêntico é o miolo,
Julgem-se embora de diversa trama:
Ninguém mais se parece a um verdadeiro tolo
Que o mais sutil dos sábios quando ama.




E o que você viu de você refletido nesse espelho?

Fernanda

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