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terça-feira, 18 de março de 2014

Santana do Livramento e a maldição do Padre Cordeiro

Há mais de um século um padre, titular da Igreja Matriz de Santana do Livramento - RS, foi espancado a mando de alguns fazendeiros, por insistir em sermões que desagradavam ao grupo elitista.



Segundo nos relata o historiador Ivo Cagianni, o padre João Cordeiro chegou a ser hospitalizado, tamanha a violência sofrida. Após o ocorrido, o pe. Cordeiro foi transferido para a capital gaúcha, e ao deixar a terra fronteiriça decretou, segundo consta, na praça General Osório uma poderosa praga contra a cidade:
          “Santaninha, cidade malvada, darás um passo para frente e dois para trás”.

Muitos cidadãos santanenses atribuem o atraso da cidade a praga do padre, como se a cidade carecesse  de sorte que foi extinguida no momento em que aquelas palavras, produtos da fúria do pároco, foram proferidas.



Livramento é famosa por algumas coisas, por fazer fronteira com Rivera, por ser terra "especial de primeira" para o cultivo de uvas, e pela notória desunião de seus cidadãos. Dizem que para fazer um novo amigo é mais fácil se aliar a alguém com quem temos um inimigo em comum, do que com quem partilhamos um afeto, mas na Fronteira da Paz nada une, tudo separa.


Se você for fazer algo pela coletividade, você vai receber críticas: está querendo aparecer, vai ganhar com isso, não sabe o que está fazendo, etc. Ninguém se interessa por algo, seja um cargo, um segmento de mercado, o que for. O primeiro que faz é acompanhado por um monte de gente que tenta aproveitar a onda e acaba afundando todo mundo. Quem recorda da quantidade recorde de papelarias? E o abusrdo número de farmácias por metro quadrado na rua dos Andradas? Faz calçadão, desmancha calçadão..


Livramento não consegue eleger um deputado, porque quando o primeiro lança sua candidatura mais quinze aparecem, por pensarem: se ele pode se candidatar, eu também posso, quem ele pensa que é? Aqui nem os partidos se entendem internamente, há tantas alas que mais parece uma escola de samba, e todos acreditam estar certos e culpam a maldição, o padre, o resultado do gre-nal.

E o problema é o povo? De acordo com uma pertinente pesquisa onde foi feita a análise institucional de Livramento, não. O autor do estudo¹ aborda o sentimento de inferioridade que o gaúcho fronteiriço tem em relação aos serranos, como se por questões étnicas o serrano fosse mais trabalhador. "Mas sabe-se que a disposição para o trabalho é a similar, basta investigar o número de trabalhadores que migram do sul para ingressar no mercado da serra e da capital."


Será que o Padre João Cordeiro rogou mesmo uma praga? Ao que parece o pároco fez uma profecia em um momento de iluminação!
Pelo jeito ou Livramento muda, ou você se muda de Livramento. O que vai ser?

Abraços fronteiriços e persistentes,

Fernanda



Um comentário:

  1. triste mas verdadeiro teu depoimento infelizmente estamos que nem as capitais da America Latina de costas uns para os outros e sempre cinicamente falando em integração no carnaval estamos itinerantes porque não pode ser internacional? setodos vamos pra Rivera todos os dias... conseguimos unir as batalhas mas não conseguimos harmonizar as alegorias,no tradicionalismo então cada um pega para um lado briga de titãs não... briga de gente que só quer se promover gente sem ideal,sem amor a nossa querida terra,maldição não falta de UNIÂO....

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