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domingo, 21 de março de 2021

Maya Angelou: eu sei porque o pássaro canta na gaiola

 Por algum motivo, o nome Maya Angelou começou a brilhar na minha frente, parecia que tudo que eu ia ler e assistir fazia referência a ela e fiquei curiosa por saber porque tantas pessoas notáveis a consideram como uma mulher fantástica e sábia. Fui pesquisar sobre Maya Angelou e descobri porque as pessoas têm essa opinião: porque é verdade!



O gatilho para ir atrás da mais famosa autobiografia de Maya foi um vídeo em que o artista Miguel Falabella contou brevemente a história de Angelou e recitou a tradução própria do poema "Ainda assim eu me levanto", o mais famoso entre os muitos premiados poemas de Maya Angelou.


Adquiri o livro digital, "Eu sei porque o pássaro canta na gaiola", na Amazon e, negligenciando o sábio conselho da Oprah Winfrey de que era um livro pra ser lido devagar, devorei da primeira à centésima página de uma só vez. Terminei devastada, em dúvida se todos deviam conhecer a obra ou se ninguém devia ler, porque dói muito. Impactada e sem conseguir deixar de pensar na situação do estupro que Maya sofreu na tenra infância dentro de casa e em tantas meninas que sofreram e neste momento estão passando por isso, precisei tirar uns dias de afastamento da história.


É curioso que eu não imaginaria que ia me interessar por uma narrativa de uma vida tão diferente da minha, a infância de Maya, no longínquo sul dos Estados Unidos do início do século passado, mas será tão diferente assim? Menina criada pela avó religiosa, senhora respeitada na comunidade, no sul do país... é verdade tive uma infância bem confortável e minha avó era muito amorosa comigo, a vida só complicou com a morte dela, quando eu tinha 8 anos. 


A verdade é que nenhuma diferença me afastava de Maya, neste entretempo fui buscar a melhor tradução para Still I Rise e com isso, Angelou me ensinou - ou me recordou - como sorrir como quem tem minas de ouro no jardim e a caminhar confiante como quem tem um poço de petróleo jorrando na sala de casa. Sim, ela me devolveu o sorriso grande, inteiro, de alma e depois disso, soube que estava pronta para terminar o livro.


Segui o conselho da Oprah, antes tarde do que nunca, passando a ler com calma, fazendo pausas, vivendo as surpresas que a vida trazia à história de Maya. Nestas pausas, assisti Winfrey entrevistando Angelou! E fui ficando cada vez mais tranquila sobre os primeiros 16 anos de vida dela, ela não era uma vítima, ela não multiplicou dores. Tudo que sofreu, lhe deu uma enorme capacidade de respeito aos outros, uma força suficiente para defender de maneira firme o que aprendeu que era justo e uma generosidade de compartilhar sua sabedoria com quem tivesse sede de aprender a conviver consigo e com os outros.


Este livro é tão espetacular porque ele é cru. Maya não doura a pílula, não enfeita, não justifica. A sinceridade é por vezes perturbadora. E mesmo assim ela se levantou e e pela mão forte e quente desta senhora que, ainda bem foi tão reconhecida e celebrada em vida, eu também me levanto.


Abraços,


Fernanda Araújo

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