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domingo, 16 de outubro de 2016

Vamos acabar com essa palhaçada!

Uma brincadeira tomou proporções gigantescas e perigosas para muitas pessoas. Pivô e protagonista da história, meu ex-aluno Giovane Quadros me explicou como tudo começou. Eu também procurei supostas vítimas e pais de menores que teriam sofrido agressões para esclarecer o fato e fiquei surpresa com o que descobri. Todos devem ter ouvido falar da nova moda que começou nos Estados Unidos e rapidamente se espalhou pelo mundo: os palhaços assustadores.
Motivado por youtubers famosos um santanense que buscava seus 15 minutos de fama resolveu fazer vídeos de ficção, com a ajuda de amigos, para sair na frente e ser o primeiro a abordar o assunto aqui na Fronteira. Com uma fantasia exagerada, música clichê e em gravações diurnas Giovane Quadros interpretou um palhaço ensimesmado, que perambula pela cidade.

Os vídeos se tornaram virais, somando 100 mil acessos entre todos os publicados

Ao publicar o vídeo Giovane não esperava a repercussão, tanto que mal pode acreditar quando mais de 4 mil pessoas haviam assistido o vídeo em poucas horas, o número logo pulou para 50 mil visualizações e com isso a onda de medo e de agressividade se espalhou em torno desta brincadeira.
Rapidamente as pessoas começaram a ver os palhaços em diferentes pontos da cidade, a compartilhar fotos, a relatar agressões sofridas por um vizinho do primo do cunhado e por aí vai. O problema é que muita gente foi e segue sendo prejudicada com isso, como por exemplo o rapaz que trabalha arduamente trajando suas vestes coloridas e rosto maquiado como palhaço no centro da cidade.

Rodrigo Ramos chegou a ser ameaçado 

Por postagens no Facebook utilizando a imagem do palhaço profissional, Rodrigo Ramos, houve muita confusão, boatos se espalharam e pessoas começaram a pensar que ele era um dos que aterrorizavam a cidade. Mas uma corrente se formou para se esclarecer a situação e essa parte da história terminou bem. 
Estive em contato com supostas vítimas e pais de menores que também teriam sofrido de violência e nenhuma dessas pessoas falou em gente fantasiada de qualquer coisa agredindo. Não houve relatos de nenhum palhaço agressor. Elas afirmam terem sido agredidas por homens, sem qualquer caracterização. O caos de informações foi relatar isso em publicações que tratavam da existência dos palhaços. Resultado: crianças que não dormem por medo das histórias, multiplicação de relatos de agressão sem nenhum registro de ocorrência na Polícia Civil e muitas ameaças para Giovane e sua família.

Giovane ganhou visualizações no You Tube e um monte de problemas!

Pedi ao meu amigo e premiado ator e cineasta Diogo Ferreira que analisasse o material que gerou tamanha polêmica e ele foi categórico ao afirmar que os vídeos são claramente "fakes", que não assustam, inclusive recomenda que Giovane leia "sobre Grotowsky e Stanislavsky", para melhorar sua performance. Comentei com ele de um caso de repercussão nacional que tivemos em Livramento no ano de 2008, o Capa Preta. Ele me contou sobre uma lenda de Dom Pedrito, A Noiva da Ponte, "a noiva - ou mulher de branco, existia mesmo até que um dia alguém descobriu que o desaparecer dela era porque ela tava atada numa corda debaixo da ponte", relatou Diogo, mais uma brincadeira levada a sério. Mas de acordo com o cineasta este caso vai além: "acho que atualmente as redes sociais tem sido um problema, existe um grande analfabetismo digital". Além dos exemplos na vida real, ele recordou do icônico "Cadeirudo", da novela A Indomada. 

Respeitado nas telas e nos palcos Diogo Ferreira analisou os vídeos polêmicos, que em sua opinião não assustam e aconselha  Giovane: "ele precisa criar suspense com ação. Isso é ele que tem que descobrir como".


O Giovane é estudante de educação física, trabalha, tem família, amigos, e está com medo: além das ameaças de processos judiciais há as ameças de agressões físicas. Procurado por diferentes canais de rádio e jornais preferiu se calar. Se absteve inclusive de responder os comentários nas redes sociais porque temia alimentar o problema. Na minha opinião ele deve esclarecer o assunto, finalizar esse ciclo. Eu escutei muita gente opinando sobre o tema nos últimos dias e percebi que raiva e medo são duas faces da mesma moeda. Que a palhaçada do mal acabe, que as agressões de todos os tipos e em todas as direções cessem. Já temos problemas demais, não precisamos importar do exterior. Que os artistas como o rapaz Rodrigo Ramos e o cineasta Diogo Ferreira façam sua arte. Que os que incitaram o mal entendido façam sua parte. E que nos demoremos ao observar os outros para encontrar o belo, o bom, o elogiável, a vida é curta demais para cultivar rancores, temos sentimentos melhores para ofertar!

Abraços apaziguadores,

Fernanda

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