(Texto originalmente publicado no caderno especial do Jornal A Plateia, em comemoração ao 191 anos de Santana do Livramento, disponível nas versões impressa e digital, acesse: http://www.aplateia.com.br/)
Todos adoram
parafrasear o hino e exaltar Santana do Livramento como “cidade diferente”,
deixando de lado o último verso, que aborda o que Livramento tem de melhor, sua
gente e que é tão verdadeiro falando da Fronteira como a: “realização de um
povo sensacional”. É para este povo que vou olhar atentamente agora.
O santanense
é globalizado, habituado a ir ao exterior, utilizar produtos importados, ser
pelo menos bilíngue, porque o portunhol conta! Talvez por isso os santanenses
sejam tão hospitaleiros, gostam de ter alguém para alcançar o mate, não importa
a origem do visitante, povos que por aí não se entendem aqui convivem em paz.
O santanense
é inteligente, entende de política cambial. A Fronteira da Paz é simplesmente o melhor
lugar do mundo pra se ensinar câmbio de moeda!
É um cálculo
tão natural e corriqueiro aos fronteiriços que impressiona os professores das áreas
econômica e financeira que vem ministrar aulas aqui.
Se Darwin
fosse explicar isso, possivelmente diria que é uma característica necessária
para a sobrevivência nessa região, e que é mais uma prova da veracidade da
teoria da evolução.
O santanense
é trabalhador, Livramento é uma cidade exportadora de gente aguerrida que
reforça a mão-de-obra no Estado, no Brasil e no mundo.
O santanense
ama a sua terra, adora dizer que é “de Livramento” com amplo ênfase no “de”; que
é conterrâneo de Paixão Côrtes, Flores da Cunha, Nelson Gonçalves; abre o peito para cantar “ah!
Livramento me espera”; se une aos vizinhos riverenses para fazer engarrafamento
na Sarandy: o que é sinônimo de estresse no mundo inteiro para nós é festa,
desfile, diversão.
O santanense
tem orgulho do Parque Internacional, das águas do Cerro do Registro, “melhor
água do mundo”, de tomar mate sentado na calçada, de levar as crianças para
andar de bicicleta na Praça General Osório, de reclamar do calor de 47º no
verão e da implacável sensação térmica muito abaixo de zero no inverno, nenhum
lugar é mais frio ou mais calor que aqui para um filho de Santana.
Quando surge
um conterrâneo desconhecido, o santanense desconfiado e brincalhão questiona:
“tu é de Livramento mesmo ou ‘tá’ só te exibindo”?
O santanense
se emociona por sua história, o povo fronteiriço sempre viveu perto dos
problemas, conflitos, entraves, leis que pensam num Brasil central sem levar em
conta as peculiaridades do nosso cotidiano e distante das soluções, da cúpula
dos governos e das grandes metrópoles, mas ainda assim jamais deixou de amar e
servir seu país.
O santanense
é eclético e ama a Semana Farroupilha e o Carnaval, é um povo alegre, animado,
onde houver erva-mate e água quente a vontade se encontrará santanenses mais
faceiros que lambari de sanga, aliás é importante esclarecer que santanense
toma mate, chimarrão quem toma é porto-alegrense. E quando o assunto é futebol
todos, ainda que não praticantes, são torcedores do 14 de Julho.
Santana do
Livramento é uma terra fértil para se empreender, porque todo problema oculta
uma oportunidade, quando isso for compreendido e utilizado muitos santanenses
que sonham em voltar para casa, terão seu desejo tornado real de olhar para o
Cerro de Palomas e dizer: voltei para ficar.
Meu abraço
fraterno a todos os santanenses
espalhados pelo mundo e meu especial carinho aos meus conterrâneos que
vivenciam a fronteira em sua plenitude, reinventando Livramento e encontrando
novos motivos para amar sua linda terra diariamente. Parabéns povo
verdadeiramente sensacional!
Fernanda
Araújo
Gestora
pública
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