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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Retratos de um povo sensacional

(Texto originalmente publicado no caderno especial do Jornal A Plateia, em comemoração ao 191 anos de Santana do Livramento, disponível nas versões impressa e digital, acesse: http://www.aplateia.com.br/)

Todos adoram parafrasear o hino e exaltar Santana do Livramento como “cidade diferente”, deixando de lado o último verso, que aborda o que Livramento tem de melhor, sua gente e que é tão verdadeiro falando da Fronteira como a: “realização de um povo sensacional”. É para este povo que vou olhar atentamente agora.
O santanense é globalizado, habituado a ir ao exterior, utilizar produtos importados, ser pelo menos bilíngue, porque o portunhol conta! Talvez por isso os santanenses sejam tão hospitaleiros, gostam de ter alguém para alcançar o mate, não importa a origem do visitante, povos que por aí não se entendem aqui convivem em paz. 
O santanense é inteligente, entende de política cambial.  A Fronteira da Paz é simplesmente o melhor lugar do mundo pra se ensinar câmbio de moeda!
É um cálculo tão natural e corriqueiro aos fronteiriços que impressiona os professores das áreas econômica e financeira que vem ministrar aulas aqui.
Se Darwin fosse explicar isso, possivelmente diria que é uma característica necessária para a sobrevivência nessa região, e que é mais uma prova da veracidade da teoria da evolução.
O santanense é trabalhador, Livramento é uma cidade exportadora de gente aguerrida que reforça a mão-de-obra no Estado, no Brasil e no mundo.
O santanense ama a sua terra, adora dizer que é “de Livramento” com amplo ênfase no “de”; que é conterrâneo de Paixão Côrtes, Flores da Cunha, Nelson  Gonçalves; abre o peito para cantar “ah! Livramento me espera”; se une aos vizinhos riverenses para fazer engarrafamento na Sarandy: o que é sinônimo de estresse no mundo inteiro para nós é festa, desfile, diversão.
O santanense tem orgulho do Parque Internacional, das águas do Cerro do Registro, “melhor água do mundo”, de tomar mate sentado na calçada, de levar as crianças para andar de bicicleta na Praça General Osório, de reclamar do calor de 47º no verão e da implacável sensação térmica muito abaixo de zero no inverno, nenhum lugar é mais frio ou mais calor que aqui para um filho de Santana.


Quando surge um conterrâneo desconhecido, o santanense desconfiado e brincalhão questiona: “tu é de Livramento mesmo ou ‘tá’ só te exibindo”?
O santanense se emociona por sua história, o povo fronteiriço sempre viveu perto dos problemas, conflitos, entraves, leis que pensam num Brasil central sem levar em conta as peculiaridades do nosso cotidiano e distante das soluções, da cúpula dos governos e das grandes metrópoles, mas ainda assim jamais deixou de amar e servir seu país.
O santanense é eclético e ama a Semana Farroupilha e o Carnaval, é um povo alegre, animado, onde houver erva-mate e água quente a vontade se encontrará santanenses mais faceiros que lambari de sanga, aliás é importante esclarecer que santanense toma mate, chimarrão quem toma é porto-alegrense. E quando o assunto é futebol todos, ainda que não praticantes, são torcedores do 14 de Julho.
Santana do Livramento é uma terra fértil para se empreender, porque todo problema oculta uma oportunidade, quando isso for compreendido e utilizado muitos santanenses que sonham em voltar para casa, terão seu desejo tornado real de olhar para o Cerro de Palomas e dizer: voltei para ficar.
Meu abraço fraterno  a todos os santanenses espalhados pelo mundo e meu especial carinho aos meus conterrâneos que vivenciam a fronteira em sua plenitude, reinventando Livramento e encontrando novos motivos para amar sua linda terra diariamente. Parabéns povo verdadeiramente sensacional!
Fernanda Araújo
Gestora pública 

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