Caminhamos em nossa vida plana, ainda que não plena, e parece simples. As cargas não são leves, mas já nos habituamos ao peso. Os obstáculos não são poucos, mas já estamos acostumadas a contorná-los. A alegria é rara, mas quem é feliz afinal?
Mudar! ...Mudar? Como!?! De que jeito? Pra qual lado? Em qual direção? "Más vale pajaro en mano que ciento volando", diziam "os antigos"..
"Já estou muito velha pra isso", "Sou nova demais pra aquilo", "Não vou conseguir", "Eu não sei o que quero", "Não sei quem eu quero"...
Todas essas coisas vão te levando a beira do "abismo da mudança inevitável", você sabe que está nesse momento quando manter as coisas como estão é exaustivo demais, requer muito esforço, você se vê insatisfeito e sem energia.
Um emprego faz isso, um lugar faz isso, uma pessoa faz isso..
E, de repente, sua vida plana e nada plena está prestes a acabar.. você finca os calcanhares no chão, num esforço brutal de frear o destino, você crava suas unhas no ar e sente que elas rasgam o tecido fino dos seus sonhos, você chora, grita e implora que parem com aquilo! Você está com medo e o abismo se aproxima.
Então, vendo o inevitável, você reúne sua coragem, sem querer pensar, nada resta, tudo é incerto.. Ou como escreveu Michael Sullivan: "essa voz que chega devagar, pra perturbar, pra enlouquecer, dizendo pra eu pular de olhos fechados.. essa voz que chega a debochar, do meu pavor, mas ao pular..."
"...mas ao pular, eu me vejo ganhar asas e voar!"..
É verdade!! O inimaginável acontece, você testemunha o milagre da ampliação de horizontes, da conquista de novas terras, da reintegração de posse de si mesmo.
Parece difícil de acreditar, mas pense: quantas mulheres você já viu, relutando em encarar o abismo? Muitas?! E quantas você viu prostradas no chão? ...
Este é o 1ºtexto que escrevo falando em mulher e pra mulher! Porque creio que esta seja uma habilidade nossa, a de criar asas a beira de cada abismo e, pensando Caio Fernando Abreu, lembro a todas (inclusive eu mesma), que devemos buscar nos outros motivos pra voar, mas que jamais sejam nossas asas, ou detentores do poder de corta-las!
Um bater de asas!
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