Por: Machado de Assis
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
- Pudesse eu copiar o transparente lume,
que, da grega coluna á gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela !
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
que, da grega coluna á gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela !
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
- Misera ! tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume !
Mas o sol, inclinando a rutila capela:
- Pesa-me esta brilhante aureola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?
Com maestria Machado de Assis retratou a eterna insatisfação humana, se utilizando de alegorias tão comuns ao nosso cotidiano, (sim, fui grande caçadora de vagalumes, na minha infância!), que nos levam a pensar que se há felicidade me algum lugar, é no caminho e não na chegada. Comparar-se é uma violência, comparar os outros, uma maldade. O importante é iluminarmos, seja com nossa própria luz, com uma vela, ou com a lanterna do celular! O tempo vai mostrar a você a sua beleza e o seu brilho.. e você se arrependerá se não tiver desfrutado dele ao máximo!
Um beijo de uma "vaga-lume" que brilha tanto quanto pode!
F.
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