Para além da beleza do altruísmo, posso diariamente constatar que ele é pouco gratificante. Por mais que você faça TUDO por alguém, se uma única vez esteve além de suas possibilidades agradar, (percebam: eu nem disse "ajudar", mas sim "agradar"), àquela pessoa você deixou de prestar.
Recaem sobre você os mais terríveis defeitos e, qualquer elogio que um dia tenha sido direcionado a você é retirado e substituído por ofensas substanciais e volumosas.
Percebo também que, quanto mais você tiver ajudado alguém,mais receio e agressão você terá dessa pessoa. Acredito que isso se deve ao medo que a pessoa que recebe o auxílio cultiva de ter que retribuir o favor. Portanto, parece mais prático agir com ingratidão, grosseria e até mesmo crueldade, diminuindo ao máximo o valor da ajuda, não deixando, desta forma, margens para uma gentil retribuição.
Eu estou particularmente cansada de ajudar, ouvir, compreender, financiar, abrigar, desculpar, prover, manter, apaziguar, acarinhar e me esforçar no sentido de fazer com os que me rodeiam sintam-se queridos, amados, protegidos, amparados.
Ou há um surto de maldade assolando as almas ou minha visão/percepção se intensificou repentinamente.
É tempo de Natal e acho que seria burrice desperdiçar vida pra guardar rancor, ainda mais eu que tenho tanto amor, e é triste constatar que os egoístas me parecem mais felizes, já que eu nada ganho priorizando o prioritário, me negando qualquer capricho, declinando do supérfluo.
Pra quê?
Vejo as pessoas abusarem de minha boa fé, achando que podem me manipular. Um dia... alguém me viu vestindo um blusão de lã e me confundiu com um cordeiro... não se enganem! Pouca idade, sim. Mas muito tempo de estrada.
Cansei de "fazer das tripas, coração", e de qualquer "limão" azedo uma "limonada".
Então, vamos lá, usem o brinquedo, MAS CUIDADO: de tanto usar mal estraga!
#ficadica
Indignadamente,
Fernanda Araújo
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