Caros formandos de 2036
Quando a gente chegou na Unipampa, era só mato. E um coreto! Está bem, tinha um ginásio, e uma biblioteca com algumas poucas pratilheiras quase vazias. Mas nós chegamos em 2010... Há relatos de que em 2008 ocorreu a seguinte cena: meia dúzia de excelentes professores contratados, para dar aula na Unipampa de Livramento, estes se reuniram em uma sala do até então “Colégio Marista”, e se perguntaram, “o que a gente faz agora?”, enquanto uns levavam as mãos em sinal de prece, outros meneavam a cabeça. Parece que haviam esquecido de que é preciso mais que professores para que uma universidade funcione...
Sobre o prédio, lá no começo, Livramento era o primo rico, entre os campi, porque tinha uma sede, pronta, salas de aula. Enquanto os demais campi eram obras, protestos, alunos em péssimas condições, nós entramos num prédio pronto e central. E o que era vantagem, virou problema e em pouco tempo o jogo virou: os campi das demais cidades ficaram prontos, bem estruturados e modernos, enquanto nós, que tínhamos tanto espaço que sediámos salas, já que tudo começou com 2 turmas, logo percebemos que a rede elétrica centenária do antigo colégio dos padres não dava conta do movimento crescente de alunos, de uma comunidade acadêmica em expansão. O jeito foi demolir o coreto, ampliar. Mas o “puxadinho” demorou... e até o subsolo que era lendário, e segundo juram, assombrado, teve de abrigar salas de aula e escritórios administrativos.
Na primeira avaliação dos cursos, era aquele frio na barriga. Um corre danado para dar conta de atingir os critérios necessários. Um deles era livros relacionados à área de conhecimento, e por isso fui voluntária na biblioteca, carimbando livros e me orgulho de reconhecer minha letra na identificação de vários ivros... fui também voluntária em eleições, formaturas, seminários, matrícula... onde a Unipampa precisou de mim, me prontifiquei para ajudar. E conforme o tempo passava, eram aqueles mesmos rostos que se dedicavam desde lá do começo que prosseguiam avançando junto com a universidade. Mesmo com as greves que tornaram confusos alguns de nossos anos letivos...
Acessibilidade não tinha, mas tinha amarelinha desenhada no chão. Refeitório não tinha, mas tinha pastel, primeiro da Tia Dalia, depois do Rafa para deixar a gente naquele dilema: como risoles ou pago o xerox? Teve muito professor que ficou pouco tempo e teve professor que veio ficar um tempo e ficou de vez. E o curso de Administração se consolidou como um dos melhores do Brasil e vieram as especializações, e me especializamos, veio o mestrado e aquelas mesmas pessoas lá do começo, mestre se tornaram. Mesmo sabendo que é difícil imaginar, só queríamos que vocês soubessem que foi assim que começou. Aquele tempo era bem louco...
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