Fazer uma pesquisa científica é algo quase sobrenatural:
como numa experiência de mediunidade, incorporamos o espírito da metologia
científica e a partir daí nada do que é produzido nos pertence. Tudo é escrito
na 3ª pessoa, porque é a ciência que fala através de nós, que age, somos apenas
um instrumento para a manifestação científica.
É o seu corpo que sofre, que engorda ou emagrece, são seus
olhos que choram, que se mantem abertos, vigilantes pelas madrugadas de
leitura, enquanto os demais vivem, saem dançam, namoram, você pesquisa. Ou
melhor: você enquanto marionete desta Entidade, reproduz as palavras do
ventríloquo Ciência.
Você tem suas crenças, seus limites, seus pudores, mas a
Ciência não os possui, e ignora todos os seus medos, ultrapassa todas as
fronteiras, e depois de muito dedicar-se para um trabalho acadêmico, não raro,
você experimentará a sensação de não se reconhecer no texto, que a Ciência te
usou para escrever.
Você não gostaria de falar algo... e precisa dizer. Toda sua
paixão está numa frase... que você precisa cortar. O parágrafo está tão claro
quanto o dia, mas alguém quer mais clareza, você precisa utilizar um monte de
normas técnicas e referenciar cada ideia apresentada no texto e te exigem maior
fluidez.. um momento! Será que estão querendo que você coloque um pouco de água
na tinta de impressora??
Um Tcc, uma dissertação ou uma tese, é o momento mediúnico
do pesquisador, a qualidade de um artigo científico depende muito da capacidade
do autor em ser “esponja” e absorver o máximo da Ciência e anular-se ao máximo
também. A Ciência tem sua ética, mas esta pode divergir muito da moral do
pesquisador, ela exige o máximo do seu corpo, de sua mente mas principalmente
da sua alma.
E diante do exposto questiona-se: há vida depois do Tcc?
Cientificamente, Fernanda Araújo
Aprovada pela Banca com média 9,75
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