A postagem de hoje está ambientada num cenário medieval, e fãs d'A Saga do Gelo e Fogo, começarão a ouvir, repentinamente a música de abertura da série Game of Thrones, em suas mentes. Iremos para um "clima medieval", conhecer um jovem cuteleiro, que com suas mãos hábeis faz artesanalmente espadas, machados, facas e arcos. Apenas está em falta o Aço Valiriano!
Conheça o trabalho de Vinícius Blades, nesta reportagem da Daiane Pampim.
O destino dos 7 Reinos é decidido na ponta do aço, de famosas espadas como a "Gelo" de Ned Stark ou da pequena "Agulha", de Arya. |
Por: Daiane Pampim
Edição: Fernanda Araújo
Fotos: Acervo pessoal do artista e
divulgação HBO
Confira o primoroso trabalho realizado por Vinicius Pejes Gusmão, 22 anos, cuteleiro e apaixonado por sua profissão.
Em visita ao seu espaço de trabalho Vinicius relatou que nasceu gostando de cutelaria: ''Meu primeiro encanto com uma faca foi aos 7 anos, como toda criança fiz muitas espadas de madeira para brincar, com o passar do tempo só foi aumentando essa paixão. Minha primeira faca fiz aos 14 anos, desbastando uma mola de Kombi e de lá para cá fui lendo matérias, baixando apostilas, vendo vídeos de como se faz para chegar ao que sei e melhorar cada vez mais."
Vinícius empunhando uma de suas criações: uma espada longa |
Vinicius é um dos poucos cuteleiros no Brasil que não forja só facas, mas também espadas e todos os designers que as culturas pelo mundo desenvolveram, estuda muito os povos e suas técnicas metalúrgicas em conjunto com os designers criados.
Ele ainda fala sobre a história da cutelaria:
A cutelaria tem uma importância maior do que se imagina no desenvolvimento político e cultural. Os cuteleiros, também chamado de armoeiros tinham uma importância muito acima do que a maioria imagina até mesmo na Bíblia e em praticamente todas as culturas e religiões do mundo, há citações quanto aos cuteleiros, armoeiros e ferreiros.
O trabalho é artesanal |
Quando a idade do ferro iniciou era uma seleta casta que tinha o conhecimento do trabalho em forja, então era o artesão responsável pela criação e manutenção de todas as armas e ferramentas metálicas, era ele que criava, afiava e concertava essas peças. Sendo assim, eles eram muito bem pagos, as sociedades passadas realmente entravam em crise ou mesmo terminavam se não tivesse um artesão armoeiro pra fornecer suas armas e as ferramentas pra arar a terra, isso significa que poderia haver fome se não houvesse alguém que manipulasse a forja e o metal, e a cidade não teria defesas, pois os homens não teriam espadas e nem pontas de flechas adequadas, muito menos quem reparasse com maestria as armas danificadas em combate, pois muito se engana quem acha que era só usar a espada em combate, embainhar e continuar, depois de batalhas as armas saíam "esculpidas" por golpes dos adversários e precisava de reparos.
Belo registro do processo do feitio |
O tempo foi passando, as ferrarias, cutelarias e armoarias se expandiram para atender as demandas do aumento da população, era necessário fazer mais arados, enxadas e outros implementos para arar e tratar a terra. Maiores eram os exércitos, pois precisavam de mais armas e armaduras, por esse motivo era necessário de mais casas, mais marretas, talhadeiras, pregos, dobradiças e essa evolução continuou até mesmo com o invento da pólvora. Os armoeiros mais habituados ao forjamento de laminas foram incumbidos de realizar o trabalho dos canos dos mosquetes e canhões e era tudo feito artesanalmente, existem vídeos que mostram a última fábrica artesanal de canos de armas na Inglaterra aonde empregavam a técnica do aço damasco pra forjar os canos.
Vinicius dispõe de diversas facas para pronta-entrega e aceita encomendas |
Tudo isso mudou com a vinda da energia elétrica e o aparecimento de indústrias, entrando máquinas ao invés de homens trabalhando. Mesmo assim, a cutelaria permaneceu até os dias de hoje, pelo motivo de muitas pessoas reconhecerem que peças artesanais, apresentam maior qualidade e valor perante a produção em massa.
Hoje em dia, as cutelarias oferecem variedades que as indústrias dificilmente podem oferecer.
Eddard Stark com sua célebre espada forjada em inigualável aço Valiriano, "Gelo". |
Além de tudo o que foi citado, o cuteleiro recria em cada trabalho uma arte que esteve presente na evolução política e social de todo o mundo.
Vinicius relata: "Quando eu forjo uma faca, espada ou mesmo um machado, antes de tudo, vejo bem qual o modelo e estudo sobre ele, não quero forjar e recriar um modelo sem saber a história do produto solicitado, acredita ser um desrespeito isso, seria que nem forjar uma kukri e não saber qual foi o desenvolvimento cultural e histórico da peça em particular."
Arco artesanal, obra do cuteleiro |
"É uma questão de respeito, preciso saber tudo sobre as peças solicitadas, penso o mesmo com a faca gaúcha, uma katana, Bastard Sword, Bowie, não quero recriar apenas uma faca vinda de boa forja e bom aço, quero recriar historia." Finaliza o cuteleiro.
Vinicius recebe encomendas de todo o Brasil, de pessoas que conheceram sua arte através da rede mundial de computadores. E o cuteleiro nos conta que está trabalhando em um novo projeto, a "Faca Lobo", que ele desenvolveu especialmente para um famoso canal de sobrivencialismo, o projeto foi aprovado ontem, dia 21/04/2014 e ele já recebeu pedidos dos Estados Unidos da América.
Email: vini-thelastwarrior@hotmail.com
Já conseguiu tirar a música de abertura de Game of Thrones da cabeça? Espero que sim, porque a postagem termina aqui e nos afastamos desse território "Westeros", mas você pode acompanhar o trabalho do Vinícius através do perfil dele no FB.
Saudações Lannister,
Cersei, quis dizer:
Fernanda
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