A vida é o que você compartilha!

domingo, 20 de abril de 2014

Artista das armas: o jovem cuteleiro santanense

A postagem de hoje está ambientada num cenário medieval, e fãs d'A Saga do Gelo e Fogo, começarão a ouvir, repentinamente a música de abertura da série Game of Thrones, em suas mentes. Iremos para um "clima medieval", conhecer um jovem cuteleiro, que com suas mãos hábeis faz artesanalmente espadas, machados,  facas e arcos. Apenas está em falta o Aço Valiriano!
Conheça o trabalho de Vinícius Blades, nesta reportagem da Daiane Pampim.

O destino dos 7 Reinos é decidido na ponta do aço, de famosas espadas como
a "Gelo" de Ned Stark ou da pequena "Agulha", de Arya.


Edição: Fernanda Araújo
Fotos: Acervo pessoal do artista e
divulgação HBO 

Confira o primoroso trabalho realizado por Vinicius Pejes Gusmão, 22 anos, cuteleiro e apaixonado por sua profissão.

Em visita ao seu espaço de trabalho Vinicius relatou que nasceu gostando de cutelaria: ''Meu primeiro encanto com uma faca foi aos 7 anos, como toda criança fiz muitas espadas de madeira para brincar, com o passar do tempo só foi aumentando essa paixão. Minha primeira faca fiz aos 14 anos, desbastando uma mola de Kombi e de lá para cá fui lendo matérias, baixando apostilas, vendo vídeos de como se faz para chegar ao que sei e melhorar cada vez mais."

Vinícius empunhando uma de suas criações: uma espada longa


Vinicius é um dos poucos cuteleiros no Brasil que não forja só facas, mas também espadas e todos os designers que as culturas pelo mundo desenvolveram, estuda muito os povos e suas técnicas metalúrgicas em conjunto com os designers criados.

Ele ainda fala sobre a história da cutelaria:

A cutelaria tem uma importância maior do que se imagina no desenvolvimento político e cultural. Os cuteleiros, também chamado de armoeiros tinham uma importância muito acima do que a maioria imagina até mesmo na Bíblia  e em praticamente todas as culturas e religiões do mundo, há citações quanto aos cuteleiros, armoeiros e ferreiros.

O trabalho é artesanal

Quando a idade do ferro iniciou era uma seleta casta que tinha o conhecimento do trabalho em forja, então era o artesão responsável pela criação e manutenção de todas as armas e ferramentas metálicas, era ele que criava, afiava e concertava essas peças. Sendo assim, eles eram muito bem pagos, as sociedades passadas realmente entravam em crise ou mesmo terminavam se não tivesse um artesão armoeiro pra fornecer suas armas e as ferramentas pra arar a terra, isso significa que poderia haver fome se não houvesse alguém que manipulasse a forja e o metal, e a cidade não teria defesas, pois os homens não teriam espadas e nem pontas de flechas adequadas, muito menos quem reparasse com maestria as armas danificadas em combate, pois muito se engana quem acha que era só usar a espada em combate, embainhar e continuar, depois de batalhas as armas saíam "esculpidas" por golpes dos adversários e precisava de reparos.

Belo registro do processo do feitio

O tempo foi passando, as ferrarias, cutelarias e armoarias se expandiram para atender as demandas do aumento da população, era necessário fazer mais arados, enxadas e outros implementos para arar e tratar a terra. Maiores eram os exércitos, pois precisavam de mais armas e armaduras, por esse motivo era necessário de mais casas, mais marretas, talhadeiras, pregos, dobradiças e essa evolução continuou até mesmo com o invento da pólvora. Os armoeiros mais habituados ao forjamento de laminas foram incumbidos de realizar o trabalho dos canos dos mosquetes e canhões e era tudo feito artesanalmente, existem vídeos que mostram a última fábrica artesanal de canos de armas na Inglaterra aonde empregavam a técnica do aço damasco pra forjar os canos.

Vinicius dispõe de diversas facas para pronta-entrega e aceita encomendas

Tudo isso mudou com a vinda da energia elétrica e o aparecimento de indústrias, entrando máquinas ao invés de homens trabalhando. Mesmo assim, a cutelaria permaneceu até os dias de hoje, pelo motivo de muitas pessoas reconhecerem que peças artesanais, apresentam maior qualidade e valor perante a produção em massa.

Hoje em dia, as cutelarias oferecem variedades que as indústrias dificilmente podem oferecer.

Eddard Stark com sua célebre espada forjada em inigualável aço Valiriano,
"Gelo".

Além de tudo o que foi citado, o cuteleiro recria em cada trabalho uma arte que esteve presente na evolução política e social de todo o mundo.

Vinicius relata: "Quando eu forjo uma faca, espada ou mesmo um machado, antes de tudo, vejo bem qual o modelo e estudo sobre ele, não quero forjar e recriar um modelo sem saber a história do produto solicitado, acredita ser um desrespeito isso, seria que nem forjar uma kukri e não saber qual foi o desenvolvimento cultural e histórico da peça em particular."

Arco artesanal, obra do cuteleiro

"É uma questão de respeito, preciso saber tudo sobre as peças solicitadas, penso o mesmo com a faca gaúcha, uma katana, Bastard Sword, Bowie, não quero recriar apenas uma faca vinda de boa forja e bom aço, quero recriar historia." Finaliza o cuteleiro.

Vinicius recebe encomendas de todo o Brasil, de pessoas que conheceram sua arte através da rede mundial de computadores. E o cuteleiro nos conta que está trabalhando em um novo projeto, a "Faca Lobo", que ele desenvolveu especialmente para um famoso canal de sobrivencialismo, o projeto foi aprovado ontem, dia 21/04/2014 e ele já recebeu pedidos dos Estados Unidos da América.


Email: vini-thelastwarrior@hotmail.com


Já conseguiu tirar a música de abertura de Game of Thrones da cabeça? Espero que sim, porque a postagem termina aqui e nos afastamos desse território "Westeros", mas você pode acompanhar o trabalho do Vinícius através do perfil dele no FB.

Saudações Lannister,
Cersei, quis dizer:
Fernanda




Nenhum comentário:

Postar um comentário